CÂMARA HIPERBÁRICA E O MERGULHO

Autora: Angélica Mattozinho

Resumo

A câmara hiperbárica é fundamental na medicina do mergulho, sendo utilizada principalmente no tratamento de doenças descompressivas e embolias gasosas arteriais. Este artigo apresenta os princípios físicos e fisiológicos da terapia hiperbárica, suas principais indicações no contexto do mergulho, protocolos de segurança e limitações. O estudo ressalta a importância de protocolos de emergência, integração entre equipes médicas e operadores de mergulho, além da necessidade de prevenção por meio da educação dos mergulhadores. Conclui-se que a disponibilidade e o acesso rápido à terapia hiperbárica são determinantes na redução de complicações e mortalidade.

Palavras-chave: câmara hiperbárica; mergulho; doença descompressiva; medicina hiperbárica.

Introdução

O mergulho autônomo proporciona experiências únicas, mas expõe o corpo humano a pressões elevadas. A rápida descompressão pode levar à formação de bolhas de gás nos tecidos e circulação, originando quadros graves como a doença descompressiva (DD) e a embolia gasosa arterial (EGA). O tratamento mais eficaz e padronizado para essas condições é a terapia com oxigênio hiperbárico (TOHB) em câmara hiperbárica.

Este artigo busca analisar o papel da câmara hiperbárica no contexto do mergulho, apresentando fundamentos físicos, indicações clínicas, riscos e protocolos de segurança, com ênfase na importância da prevenção e do atendimento rápido.

Desenvolvimento

 

1. Fundamentos físicos e fisiológicos

O princípio central da câmara hiperbárica se baseia na lei de Boyle, segundo a qual o aumento da pressão reduz o volume das bolhas de gás, facilitando sua reabsorção. Além disso, o oxigênio em alta pressão aumenta significativamente a quantidade dissolvida no plasma, melhorando a oxigenação tecidual e a recuperação em áreas isquêmicas.

 

2. Indicações clínicas

As principais indicações da TOHB no mergulho são:

Doença descompressiva (cutânea, musculoesquelética, neurológica);

Embolia gasosa arterial;

Intoxicação por monóxido de carbono (comum em ambientes marítimos);

Situações adjuvantes, como feridas infectadas ou necrotizantes, em mergulhadores acidentados.

 

3. Tipos de câmara

Monoplace: para um paciente, pressurizada com oxigênio puro.

Multiplace: comporta vários pacientes, pressurizada com ar, sendo o oxigênio administrado por máscara.

 

4. Segurança e riscos

Apesar da eficácia, existem riscos:

Barotrauma pulmonar, ótico ou sinusal;

Toxicidade neurológica ou pulmonar por oxigênio;

Claustrofobia e complicações hemodinâmicas raras.

A contraindicação absoluta é o pneumotórax não tratado.

 

5. Integração com operações de mergulho

A prevenção continua sendo a principal estratégia para reduzir acidentes. Protocolos de emergência devem incluir:

Uso imediato de oxigênio normobárico em suspeita de DD ou EGA;

Transporte rápido para centros hiperbáricos;

Comunicação entre operadoras de mergulho, serviços médicos e hospitais.

 

Conclusão

A câmara hiperbárica é indispensável no tratamento de acidentes de mergulho. Sua eficácia depende da rapidez do atendimento, da correta indicação clínica e da integração de protocolos de emergência. Investimentos em infraestrutura, treinamento de equipes e educação preventiva para mergulhadores são essenciais para garantir segurança e minimizar riscos.

 

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: Informação e documentação – Artigo em publicação periódica científica impressa – Apresentação. Rio de Janeiro, 2018.

BOVE, A. A. Diving medicine. 4. ed. Philadelphia: Saunders, 2014.

JAIN, K. K. Textbook of hyperbaric medicine. 6. ed. Cham: Springer, 2017.

UHMS – UNDERSEA AND HYPERBARIC MEDICAL SOCIETY. Hyperbaric oxygen therapy indications. 14. ed. Durham, 2019.

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